Segredo

    Por Cocaíne

Ele um pescador, lobo dos mares. Ela, uma menina, uma filha dedicada e exemplar. Os dois unidos a uma vergonhosa história, unidos por um segredo bem guardado a sete anos, guardado a sete chaves por uma mesma família.
Ela confessa a seus livros ou no seu diário de menina que ainda é, embora tenham esquecido. Ele confessa para seus goles de cachaça. Ele prefere passar assim os seus dias. Bebe para esquecer, bebe para perder o controle sobre suas vontades, o respeito, a memória. Ele confessa quando está sózinho, se olha no espelho.
Ele é o abutre, ela, a carniça. Ele fecha os olhos, tenta não lembrar, tenta não pensar. Sabe o que faz e sabe que perdão não tem. Ela, a menina se olha no espelho, enrrolada em uma toalha branca e felpuda mas se sente imunda.
Ela não saberá até quando consiguirá esconder, se lamenta pelo silêncio que não pode e não deve ser pronunciado. Ele pede para que se existe um Deus, para que um dia o seus pecados sejam perdoados.
Os dois unidos eternamente a um segredo. O segredo que não deve ser praticado, que não deve ser desejado,que não deve ser pensado. O segredo que manchou suas vidas e essa mancha não pode ser limpa.
Ele a culpa pelo ocorrido durante todos aqueles  anos. Ela, era pequenina demais para entender o que ele falava. Ela só conseguia sentir. Ela se sentia culpada por não ter aprendido direito que colo era pecado.
Ela deitou e esperou que o dia amanhecesse pois era dia de as meninas do convento fazer vizitas a suas famílias. Ela se ajoelhou, rezou e  pediu para que aquela noite passe muito rápido ,pediu  uma benção para seu pai, seu protetor que se esforça tanto para que ela se sinta amada,fechou os olhos e durmiu.
Ele não lembra que dia é, para ele tanto faz , talvez até tome um banho hoje. Ele bebe essa noite, ele bebe sempre. Ele não sabe por que comete esse pecado que é outro vício. Se ela soubesse, o quanto ele sempre a amou, a menia não seria só uma filha, ela não era só uma filha.


Lani Leo